domingo, 2 de dezembro de 2007

NÁUTICO 1 X 0 FLAMENGO

É chato ter que terminar o campeonato com uma derrota, mas, na boa? O resultado não mudou nada. O mais importante era nos garantirmos direto na fase de grupos da Libertadores, servicinho realizado com maestria pelos patéticos palmeirenses. Se ganhássemos, ficaríamos em segundo. A esta altura milhões de rubro-negros estão desdenhando da derrota com o mesmo tom jocoso: vice é coisa de bacalhau.

Difícil dizer até que a derrota trouxe lições, pois o time pareceu bastante desinteressado do jogo, o que o torna atípico. Eu apenas arriscaria dizer que o Maxi merecia permanecer mais tempo em campo e que Paulo Sérgio definitivamente não dá. Taí um lado bem positivo do resultado: a volta do esquálido atacante nos fez lembrar o quanto ele é fraquinho (em amplo sentido). Deu chutinhos ridículos e perdeu o gol mais feito do jogo (outros foram perdidos por Toró e Fábio Luciano). Espero que alguém tome a sábia decisão de emprestar o moleque para ganhar corpo e ritmo de jogo, de preferência em um time com sede bem longe do Rio de Janeiro.

Nada porém que atrapalhe a nossa comemoração. De cara, dá pra dizer que esse é o melhor ano do Mengão desde o penta, em 1992. De lá pra cá, até ganhamos títulos com alguma relevância, como o Tri Estadual e a Copa dos Campeões em 2001, a Mercosul de 1999 e mesmo a Copa do Brasil do ano passado (que cá entre nós, anda mais fácil que a disputa do Cariocão). Em quase todos os anos passados de 1992 para cá, porém, o Flamengo sempre teve temporadas irregulares, fez feio no Brasileiro e sofreu agruras com a falta de planejamento. Nos últimos campeonatos nacionais, só éramos capazes de demonstrar a força rubro-negra quando o time estava nas últimas e o rebaixamento se tornava uma ameaça concreta. Era sempre tarde. O grande lance de 2007 foi que, depois de seguir o roteiro com um título no Estadual e uma campanha claudicante no início do Brasileirão, a reação veio mais cedo, e a equipe foi subindo e se tornando imbatível em sua casa, como nunca deveria deixar de ser. Sem contar com a torcida, o grande espetáculo do campeonato. Pode escrever: depois de 2007, o conceito de torcida em um campeonato de pontos corridos vai ser redefinido. Todos vão tentar imitar e ter como referência a torcida do Flamengo, mais uma vez pioneira.

Disputar a Libertadores por dois anos seguidos tem um significado especial também. Mostra que estamos no caminho certo, e que a forma de reerguer o clube é trabalhando sério, passo-a-passo, sem soluções milagrosas. Ou, talvez, com milagre, sim. Isso é o que eu espero que tenha sido o ano para o Mengão: a redescoberta do caminho das conquistas através de um pouco de seriedade dos profissionais do clube, deixando o passe de mágica por nossa conta nas arquibancadas.

Como a temporada acabou, o blog dá um tempo. Posso dizer que este espaço rubro-negro deu sorte: segundo Joel, foi depois do jogo contra o Inter (partida de estréia da Resenha) que o esporro comeu solto e que a virada se iniciou. A minha idéia aqui foi a de escrever sobre o que eu enxergo e sobre o que acontece comigo quando o Flamengo joga. Não tive a intenção de fazer análises racionais e muito menos coerentes (basta ler o que escrevi nestes textos sobre Toró e Roger, por exemplo). O que quis foi registrar um inventário das minhas angústias e sentimentos de euforia para ao menos poder recuperá-los quando quiser, afinal de contas, a memória de vez em quando falha. Enfim, é só um procedimento terapêutico. E ano que vem tem mais, com data marcada para o dia 20 de janeiro: lá na segunda entrada das arquibancadas amarelas e aqui. Confesso que já estou ansioso para recomeçar logo!

Feliz Natal e um ano novo que culmine em Tóquio!

Náutico: Fabiano; Sidny, Vagner Silva, Everaldo e Júlio César; Daniel Paulista, Elicarlos, Geraldo (Helton) e Acosta; Marcelinho (Radamés) e Felipe (Ferreira) Técnico: Roberto Fernandes
Flamengo: Bruno; Léo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Cristian, Léo Medeiros (Egídio), Toró e Ibson; Maxi (Roger) e Obina (Paulo Sérgio). Técnico: Joel Santana
Local: Aflitos/PE
Árbitro: Paulo César Oliveira
Auxiliares: Elias Silva Almeida e Maria Eliza Correia Barbosa
Cartões amarelos: Ferreira (Náutico); Toró, Ibson, Léo Moura e Ronaldo Angelim (Flamengo)

Gol: Sidny, aos 32 minutos do segundo tempo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

FLAMENGO 2 X 0 ATLÉTICO-PR

O jogo começou antes, bem antes. Para quem, assim como eu, sofre em demasia com os dias que antecedem uma grande partida, nada melhor que uma vitória consagradora para transformar cada minuto de angústia em alegria em estado puro. Não terão os fanáticos que passaram madrugadas atrás de um ingresso uma belíssima história para contar pelo resto de suas vidas? A minha história pode não ser tão bela assim. Por certo, é muito extensa para descrevê-la em detalhes. Mesmo assim apresentarei, sem a precisão das datas, os acontecimentos prévios e a conseqüente onda rubro-negra que começa no Maraca, toma conta e embeleza a cidade. Narro sob o meu ponto de vista, é claro, pois além de compartilhar a história com os amigos, quero mesmo é guardá-la para mim:
- Começam a vender os ingressos para Fla x Santos e Fla x Atlético-PR. Minha idéia era comprar logo os dois; o Gustavo me oferece uma inteira para o jogo do Santos. Aceito e deixo o Atlético para depois.
- Antes da vitória contra o peixe, o tribunal decide fechar os portões para o próximo jogo. Eu amaldiçôo o Assefinho e, principalmente, o babaca que tacou uma latinha no juiz no jogo contra o Grêmio.
- E não é que o Assefinho vira o jogo? Tento ver se a decisão do tribunal foi correta. Descubro: corretíssima. Saio espalhando por tudo quanto é blog esportivo as provas de que o Flamengo seria punido injustamente. Não houve manobra jurídica, isso aqui não é vasco.
- Não vou comprar na bilheteria. O Gunabara é aqui do lado e será mole trocar as latinhas de Neston na promoção dos ingressos.
- Saio de casa sete e meia da manhã, a fila do Gunabara está em frente à minha rua. Não sou bom em precisar distâncias, mas posso dizer que o supermercado é de grande porte, quase uma quadra inteira. A fila começa na porta, atravessa o pátio, ganha a rua, cruza um posto de gasolina, passa por uns três prédios e chega na minha rua. Tento me convencer por duas horas de que conseguirei pegar os ingressos e ir trabalhar. Desisto às nove e meia.
- À tarde, o Jean dá o notícia: caos nos pontos de troca, cancelaram tudo e a troca acontecerá no Maraca no dia seguinte. Sem me dar conta da insanidade, planejo acampar no Mario Filho às quatro da manhã para garantir os ingressos.
- Volto à razão no feriado. É a hora de abrir mão de estar no Maracanã. Ano que vem tem mais. Porque os filhos da puta não lançam o carnê?
- O Alexandre me liga para dizer que o cunhado tem ingressos para galera. Com ágio. Hesito. Não queria pagar mais, porque fui a quase todos os jogos. Flamengo e Figueirense, na chuva, eu estava lá. Decido não ir.
- Mudo de idéia. Considero justo compensar o cara pelo perrengue que passou na fila. Na verdade, o problema não era o preço. Eu já tinha me convencido de que não deveria ir. O Flamengo ganharia sem mim. Depois que consegui ficar filosoficamente sereno com a situação, ganho uma opotunidade para comparecer ao Maraca? Sei não... Torço para não me arrepender, pois com essas coisas não se brinca.
- Durmo mal para cacete de sábado para domingo.
- Deixo o carro na UERJ no dia do jogo. Levo a parte dos esportes do Globo. Lembro de comprar o Lance, pois tenho levado jornais para ler no Maracanã enquanto a partida não começa e tem dado sorte. Desço a São Francisco Xavier até chegar no posto Ipiranga, onde encontro o diário esportivo. Agora a vitória está mais garantida. Não sou supersticioso, mas com essas coisas não se brinca.
- Encontro os camaradas no Russo. Uma cervejinha para manter a tradição.
- O sol dessa vez não castiga. Mesmo assim, mais umas cervejas para aliviar a espera.
- O telão mostra lances clássicos do Mengão. Rondinelli, Zico, Junior, Pet... Quanta história já foi escrita; quanta história há para se escrever...
- O gordinho entra com a bandeira do Zico. O mala já faz parte do folclore daquele setor da arquibancada.
- Cerveja.
- Tudo começa a dar certo: gol do Inter. Cabecinha comemora de um jeito esquisito, mas tá valendo.
- Começa o jogo e o Flamengo toma a iniciativa. Leo Moura aparece bem. Tento prever o gol do Leo Medeiros e quase acerto: a bola vai na trave. Se entra, eu ia ficar me gabando por pura picaretagem, pois no fundo eu imaginei ele pegando uma daquelas bolas que sobram.
- O Souza tá bem também!
- Mais cerveja enquanto o ritmo do jogo cai.
- É intervalo e já anoiteceu. Nos juntamos para discutir o papel do Flamengo na vida de cada um. Com cerveja, é claro. Alguém compara o sentimento pelo Flamengo com o amor devotado à mãe. Na comparação do cara a mãe ganha, mas o placar é apertado.
- Renato Augusto é outro no segundo tempo. O moleque, assim com no estadual, mostra mais uma vez personalidade em um momento decisivo. Infelizmente o gol foi do outro lado... Provável culpa do Claiton Instalação Trocada. Mas a galera de lá também merece ver os gols de perto.
- Estou com uma lata de cerveja na mão no segundo gol. Bêbado, nem tanto pelo álcool, mas pela euforia, lembro da camisa oficial que tenho que comprar. Prometi comprá-la quando nos classificássemos para Libertadores. Quase comprei antes, mas o André foi taxativo ("Espera!") ao me aconselhar a cumprir a promessa do jeito que ela foi feita. Essa frase é mas dele do que minha: Com essas coisas não se brinca.
- Já repararam como o Souza tá fazendo bem pra caramba essa função de pivô?
- Alguém se antecipa ao placar e anuncia o gol do Sport. O telão confirma. Não falta mais nada para a noite ser perfeita. Tenho certeza absoluta de que não há celebração alguma em qulaquer parte do mundo que se compare à festa da torcida do Mengão na arquibancada.
- Damos um tempo ainda no estádio. Me lembro da camisa. Saio em disparada para o shopping. O Jean acha que não vou conseguir chegar a tempo.
- Deixei o carro equivocadamente no pátio que dá para a São Francisco Xavier. Para piorar, estou com uma puta vontade de mijar. Ainda assim, chego ao Iguatemi às 20hs e 55 min.
- Encontro a loja aberta. Pergunto pela camisa do Flamengo. Acabou e só deve chegar na terça-feira. Não posso esperar tanto.
- Chego em casa. Tiro as coisas do bolso e vejo o ingresso dentado na tarja magnética. A Nestlé foi a grande vilã da semana, mas tenho que concordar com a frase que ela estampou: Torcer faz bem.
- Antes de apagar vejo a mensagem do André no celular. Pelo teor, aposto que ele foi dormir tão eufórico quanto eu. Se é que dormiu.
- Hoje, na hora do almoço, lá estava a camisa do Flamengo me esperando. Comprei. O nome da loja é Fanáticos por Futebol. Eu não sou fanático por futebol. Sou fanático é pelo Flamengo!

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Jaílton Cristian (Roger), Léo Medeiros (Obina) e Ibson; Renato Augusto (Hugo Colace) e Souza. Técnico: Joel Santana
Atlético-PR: Viáfara; Danilo, Antonio Carlos (Marcelo Ramos) e Rhodolfo; Jancarlos, Valencia, Claiton, Netinho (Edno) e Michel (Ramon); Ferreira e Alex Mineiro. Técnico: Ney Franco
Local: Maracanã, Rio de Janeiro/RJ
Árbitro: Wilson Luiz Seneme
Auxiliares: Ednilson Corona e Emerson Augusto de Carvalho
Cartões amarelos: Jaílton e Renato Augusto (Flamengo). Ferreira, Alex Mineiro, Claiton e Danilo (Atlético-PR).
Gols: Renato Augusto, aos 4 minutos; e Juan, aos 16 minutos do segundo tempo.

domingo, 11 de novembro de 2007

FLAMENGO 1 X 0 SANTOS

O Joel Santana realizou uma proeza nesta sua passagem pelo Flamengo. Armou uma equipe ofensiva sem contar com jogadores criativos no meio-de-campo. O time de hoje teve o tal domínio terriotorial na partida: mandou no jogo, marcou no campo do adversário, mantendo a equipe do Santos com preocupações defensivas. Há na escalação do Mengão a expressão da antiga questão filosófica do embate entre a formiga e a cigarra, entre o operário e o artista. O que é mais útil para se vencer a partida: o guerreiro mediano que se atira na bola para recuperá-la e iniciar o ataque contra defesa adversária desarmada ou o armador talentoso dotado de visão privilegiada para encontrar um espaço onde a maioria não vê?

Subi a rampa do Maracanã convencido de que precisávamos de mais talento na criação das jogadas. Por outro lado, entreguei nas mãos do Joel. Ele tem mostrado que sabe o que faz. E não é que deu certo mais uma vez? Embora o resultado tenha sido construído quando já estavam em campo o Obina e o Roger, nas vagas de Jaílton e Toró (que dessa vez conseguiu ser muito útil com a sua já costumeira raça, brigando pela bola no campo do Santos e contribuindo para sufocar o adversário), o gol saiu em uma jogada que já vinha sido repetida durante o jogo todo: bola cruzada por um dos laterais, os nossos jogadores mais altos chegando para escorar ou concluir. O que o gol da vitória teve de especial foi o fato de ter saído após uma excelente linha de passes de cabeça dentro da área, como há muito não se via.

É, o Joel parece saber o que faz. Graças à atuação dos laterais, não se pode chamar o treinador de retranqueiro. Eles jogam com bastante liberdade, proporcionada pela marcação dos cães-de-guarda do meio. Todo mundo disse que o jogo pelos lados do campo seria manjado, que o Luxemburgo ia saber matar estas jogadas. Mais uma vez nossos laterais foram responsáveis pela criação das melhores oportunidades. E assim vamos vencendo as partidas com placares apertados, mas de forma segura e convincente. Estou confiando tanto no Joel que acho que ele saberá o momento certo de mexer no time.

Precisa escrever sobre a torcida? Precisa. Hoje eu saí do Maracanã especialmente emocionado por conta da possibilidade de ter acontecido nesta noite o nosso último ato da temporada naquelas arquibancadas. E que ato! Recorde absoluto de público dos últimos Brasileirões. Se minhas contas não estiverem errradas, eu assisti a vinte e cinco jogos no Maraca neste ano de 2007. Na saída do estádio, o jogo que veio à minha cabeça foi o daquela fria noite de 09 de maio, quando faltou apenas um gol para termos chance de avançar na Libertadores. A noite fria terminou de forma melancólica, mas pudemos cantar o hino do Flamengo e saudar os jogadores que se esforçaram em campo, pois sabíamos que podíamos ter orgulho da equipe e, principalmente, que com a mesma força que demonstrávamos ao empurrar o time naquela ocasião, poderíamos voltar à competição. Está acontecendo. E numa jornada inesquecível, grandiosa, bem com a cara do Flamengo.

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Jaílton (Obina), Cristian, Ibson e Toró (Roger); Renato Augusto e Souza (Léo Medeiros). Técnico: Joel Santana
Santos: Fábio Costa; Alessandro (Petkovic), Domingos, Marcelo e Kleber; Maldonado, Adriano (Renatinho), Rodrigo Souto, Pedrinho (Vítor Júnior) e Rodrigo Tabata; Kleber Pereira.Técnico: Vanderlei Luxemburgo Local: Maracanã/RJ
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Auxiliares: Roberto Braatz e Erich Bandeira
Cartões amarelos: Toró (Flamengo). Maldonado, Pedrinho e Rodrigo Tabata (Santos).
Gol: Souza, aos 30 minutos do segundo tempo.

domingo, 4 de novembro de 2007

CRUZEIRO 3 X 1 FLAMENGO

Ah, o Flamengo e sua antiga mania de ressuscitar os mortos! O Lázaro da vez foi o Cruzeiro, sete jogos sem vencer, enquanto vínhamos como um foguete numa seqüência de cinco vitórias. Nosso time não soube tirar nem um pouquinho de vantagem do nosso melhor momento. Pelo contrário, não se esforçou para jogar de igual para igual no primeiro tempo, deu campo ao Cruzeiro e tentou sair no contra-ataque usando apenas um jogador na ligação, o de sempre, Ibson.

Deu tudo errado nas jogadas de ataque. O Juan, que teve uma atuação muito ruim, pior até que a da última quarta-feira, errou tudo na frente e deixou espaços na defesa. Com a apresentação tímida do Leo Moura, o Ibson não conseguia dar seqüência às jogadas. Mas a maior decepção foi o Obina. Engana-se quem diz que a bola não chegou até ele. O Souza não tem marcado muitos gols, mas pelo menos tem cumprido uma função primordial para os ataques do Flamengo: nas bolas esticadas na frente, o Souza, de costas para o zagueiro, é capaz de dominar e proteger a bola até que alguém encoste, normalmente um dos laterais ou o Ibson, para receber a redonda e partir em velocidade. Se não estou enganado, em todas as bolas que o Obina recebeu nestas condições no jogo de hoje, ele caiu. Na maioria não houve falta, ou houve, mas de coordenação motora. E a isso se resumiu sua atuação no ataque do Flamengo nesta tarde.

Ainda que ache que a atitude do time no primeiro tempo foi excessivamente passiva, a falta de qualidade no meio-de-campo cobrou seu preço hoje. O Cristian também esteve mal hoje e na última partida e tanto ele quanto o Toró não foram capazes de contribuir com alguma criatividade para a armação das jogadas. Confesso que não vejo solução fácil para o problema, pois o Roger e o Renato Augusto, por mais que possam ter um momento de inspiração (como os dois que teve o namorado da Secco nas últimas duas partidas), não demonstram capacidade de ditar o ritmo do ataque do Mengão em um jogo complicado. O Renato Augusto erra demais na conclusão das jogadas (o chamado último toque) e o Roger parece disperso demais. Ainda assim, acho que o Joel deveria rever a escalação do meio-de-campo, principalmente a presença do Jaílton.

Uma vitória hoje significaria que a vaga na Libertadores viria sem sofrimento. A derrota não significa que a vaga escapou. Enquanto escrevo estas linhas, vejo no site do Globo Esporte que o Sport está vencendo o Palmeiras. Hora de olhar novamente a tabela dos adversários, secar e, principalmente, comprar ingresso para os próximos jogos. Prefiro acreditar que a derrota foi providencial, pois se o Flamengo vence, eu ficaria eufórico e não conseguiria me concentrar para terminar minha monografia, que preciso entregar na semana que vem.

Cruzeiro: Fábio; Mariano, Léo Fortunato, Emerson e Jonathan; Luís Alberto, Ramires, Charles e Wagner (Kerlon); Guilherme e Roni (Marcinho). Técnico: Dorival Júnior.
Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Thiago Sales e Juan (Roger); Jaílton, Cristian (Leo Medeiros), Ibson e Toró; Maxi Biancucchi (Renato Augusto) e Obina. Técnico: Joel Santana.
Local: Estádio Mineirão (MG)
Árbitro: Heber Roberto Lopes
Auxiliares: Ednilson Corona e Emerson Augusto de Carvalho
Cartões amarelos: Juan, Roger (Flamengo); Emerson (Cruzeiro)
Gols: Roni, aos 26min e 38min do primeiro tempo; Charles, aos 12min, Roger, aos 21min do segundo tempo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

FLAMENGO 2 X 1 CORINTHIANS

Faltava um jogo como este. Se em outras partidas carregadas de emoção (contra o São Paulo, segundo com o Vasco e primeiro com o Fluminense) construímos o resultado no primeiro tempo e depois lutamos para garantir a vitória, desta vez tivemos que atravessar um mau momento que durou 45 minutos para em seguida buscarmos incansavelmente o gol do triunfo, que só chegou aos 30 do segundo tempo.

O jogo foi importantíssimo. Diria que foi didático. Duas lições importantíssimas foram tiradas nos dois tempos distintos da partida. No primeiro, aprendemos que não haverá vitória fácil, que não podemos nos cansar, ser displicentes, confusos ou arrogantes. Todos ou quase todos os times que enfrentaremos nesta reta final terão motivos incontestáveis para querer vencer o Flamengo. O Corinthians tem um time fraco mas é um clube grande. Não nos entregaria docilmente a vitória. Portanto, quando o time entrou bobo na partida, dando espaços pelo lado esquerdo da defesa e sofrendo o primeiro gol, colocou em situação de risco a harmonia conseguida até então pela comunhão estabelecida com a torcida. Ecoaram as primeiras vaias e a cada passe errado a atmosfera de tensão se espalhava como se fosse o reverso da nuvem colorida formada nas arquibancadas quando o time surge no gramado antes do início da partida. A tensão provocada pela ameaça de fracasso é o oposto da celebração motivada pela confiança na vitória.

Compreendemos, então, o que não poderíamos fazer. Lição aprendida, nosso primeiro gol veio ao final do primeiro tempo. Equilíbrio reestabelecido, vamos começar tudo de novo, que venha o segundo tempo.

No segundo tempo, a reflexão seria de outra natureza. Era o momento de aquela comunhão a que me referi acima novamente fazer a sua parte. Torcida e time precisavam deixar clara a sua posição: estávamos em casa. Ali, seríamos nós a dar as cartas, a mandar no jogo. Nós, da arquibancada empurramos; o time, lá embaixo partiu para cima. O Corinthians recuou, as chances surgiram. Estava faltando o gol.

Ontem, cheguei tarde em casa após a partida e estava bem cansado. Se tivesse vindo ao computador para escrever, provavelmente resumiria este texto a um "Renova Roger". É possível que se estranhe a suposta incoerência. Até quem me acompanha na arquibancada sabe que eu torço o nariz para o Roger. Fiquei feliz por ele ter entrado após o intervalo, em um jogo crucial como este. Torci para que desse certo, mas se o Roger não jogasse sério, ao menos seria desmascarado. No fundo, a dúvida em relação a jogadores como ele diz respeito ao seu empenho e motivação para estar ali. Seu talento é inegável. Portanto, ainda que o risco de que eu mude de idéia na próxima partida seja muito grande, pois torcedor apaixonado coerente não existe, a minha avaliação no calor da partida ao ver o gol do Roger foi a seguinte: poucos jogadores do elenco fariam um gol daqueles.

Outros desafios cascudos nos esperam. De imediato, dois adversários diretos. O primeiro nos enfrentará diante de sua torcida, que certamente irá lotar o Mineirão, na (vã) esperança de ser capaz de fazer algo parecido com o que nós fazemos em todos os jogos. Enfim, uma bela briga de cachorro grande, como tem que ser. Sou mais o Mengão, que saiu da zona de rebaixamento para a da Libertadores, que bateu o São Paulo invicto por dezesseis jogos, que venceu todos as partidas remarcadas por causa do Pan, que emplacou uma série de cinco vitórias consecutivas.

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim (Rodrigo Arroz) e Juan; Jaílton, Cristian, Toró e Ibson; Maxi Biancucchi (Roger) e Souza (Obina). Técnico: Joel Santana
Corinthians: Felipe; Fábio Ferreira, Zelão e Betão; Iran, Moradei, Carlos Alberto (Bruno Octávio), Lulinha (Héverton), Dentinho (Arce) e Gustavo Nery; Finazzi. Técnico: Nelsinho Baptista
Árbitro: Leonardo Gaciba
Auxiliares: Altemir Hausmann e Roberto Braatz
Local: Estádio do Maracanã/RJ
Cartões amarelos: Fábio Ferreira e Zelão (Corinthians); Souza e Toró (Flamengo)
Gols: Finazzi, aos 26min, Ibson, aos 46min do primeiro tempo; Roger, aos 30min do segundo tempo.

domingo, 28 de outubro de 2007

AMÉRICA-RN 0 X 1 FLAMENGO

Foi um jogo duríssimo. Possivelmente, o de maior motivação para o adversário (rebaixado há muito) nas últimas vinte e cinco rodadas. Como a torcida do Flamengo é enorme em Natal, a exemplo de todas as capitais do Nordeste, a partida tomou ares de clássico. Comparecendo rubro-negros em grande número, os torcedores americanos não poderiam deixar de estar presentes. Nas últimas 10 partidas antes da peleja desta tarde, a média de público no Machadão foi de 7211 pessoas. Hoje havia 35 mil. Se para nós estava valendo a entrada no paraíso, para o América, time mais esculachado do campeonato, o jogo representava a defesa do mínimo de honra que lhe restava.

Prefiro pintar com essas cores o espetáculo a que assisti na tarde de hoje. É uma tentativa de justificar meu sofrimento. Porque eu sofri pra cacete! Na prática, acho que a angústia era por estarmos na encruzilhada entre a redenção e a chacota. Mesmo sabendo que tínhamos que respeitar o adversário, não dava para admitir ficarmos de fora da luta pela Libertadores em uma partida contra o pior time do campeonato.

O personagem do jogo foi o Joel. O time tem a cara do Natalino, para o bem e para o mal. O saldo tem sido muito positivo. O Flamengo é uma equipe sem muita sofisticação, até previsível, mas consistente na defesa e eficiente no ataque pelas laterais. E briga o tempo todo. Se pensarmos nas primeiras partidas sob a batuta do homem da prancheta, lembraremos que o time guardava resquícios de uma certa sonolência, repetindo os gestos indolentes do início do Brasileiro e do primeiro semestre que nos levaram, por exemplo, à fatídica derrota contra o Defensor no Uruguai, encerrando a nossa participação na Libertadores 2007. Logo que chegou, o Joel reclamou da paralisia, esbravejou na beira do campo e nos treinamentos, até, enfim, acabar com a palhaçadinha. O time hoje é outro. Posso estar enganado, mas se o jogo desta tarde fosse no início do campeonato, acredito que fatalmente perderíamos. Pois antes, quando faltava qualidade (e hoje faltou), sobrava displicência. Um exemplo dessa mudança de atitude é o Ronaldo Angelim, que lutou muito no confronto com o América.

Eu fiquei puto com a contratação do Joel. Achava que o raio não cairia duas vezes no mesmo lugar. Hoje, reconheço que o cara está fazendo um bom trabalho. É melhor campanha rubro-negra em muito tempo. Nem imagino há quantos campeonatos brasileiros o Flamengo não ganhava quatro partidas seguidas. Até a presença do Toró, diante das seguidas contusões do Renato Augusto e da atuação do Roger no jogo de hoje, começo a achar que se justifica. Só mesmo o Flamengo para me fazer ficar feliz por mudar de idéia.

Até então eu não vinha falando abertamente de Libertadores. Preferi ter cautela. Mas se até o Joel já admite falar... Com os pontinhos perdidos por Palmeiras e Cruzeiro, encostamos mais. Nosso caminho é bem duro, pois temos menos vitórias que os adversários (primeiro critério de desempate) e uma tabela mais cascuda. Se o campeonato é disputado em pontos corridos, para o Flamengo virou mata-mata. Uma derrota, principalmente em um dos três próximos jogos, provavelmente nos tira da briga. E nossos adversários nas rodadas que faltam, possível exceção para o Atlético-PR, com certeza terão muito a perder e virão com a faca nos dentes. Enfim, tem tudo para ser perfeito, do jeito que nós, rubro-negros, gostamos. Eu sei que é feio terminar um texto com um chavão, mas deste aqui eu estava com saudades: o Flamengo é time de chegada!

América-RN: Sérvulo; Carlos Eduardo, Rogélio e Robson; Chiquinho (Tony), Marquinhos Mossoró (Joellan), Reinaldo (João Neto), Souza e Wesley Brasília; Geovane e Berg. Técnico: Paulo Moroni
Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Jaílton, Cristian, Toró (Léo Medeiros) e Ibson; Maxi Biancucchi (Obina) e Souza (Roger). Técnico: Joel Santana
Local: Estádio Machadão (RN)
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva
Auxiliares: Elias Silva Almeida e Carlos Lustosa Filho
Cartões Amarelos: Reinaldo, Rogélio, Wesley Brasília e Joellan (A)
Gols: Souza (Fla), aos 15 min do 1º tempo

domingo, 21 de outubro de 2007

FLAMENGO 2 X 0 GRÊMIO

No caminho de volta do Maracanã para casa, vim pensando em como escrever sobre o jogo de hoje sem ser repetitivo. Afinal, mais uma vez a torcida lotou o estádio (novo recorde de público pagante), o time jogou com muita raça e foi extremamente aplicado e não nos sentimos ameaçado em nenhum momento pelo adversário. Talvez a diferença nas condições para o confronto contra o Grêmio estivesse na composição do banco. Não, nenhum reserva que entrou teve participação decisiva no resultado, mas hoje pudemos iniciar a partida deixando no banco jogadores capazes mudar o jogo tanto tática quanto tecnicamente. Houve até controvérsia na escalação! Eu, por exemplo, preferiria um time um pouquinho mais ofensivo logo de saída. Mas o fato é que se estávamos sempre na conta do chá (na segunda partida contra o Flu, perdemos o Maxi e não tínhamos ningúém da posição para escalar, por exemplo), parece que agora, com algumas exceções, não precisamos nos desesperar com qualquer desfalque de ocasião.


Se tivesse que escolher um destaque deste elenco que começa a se mostrar consistente, não demoraria muito pensando. Para mim, e acredito que para muitos, o Ibson é o principal jogador da equipe. É, na minha opinião, o único no time que pode ser chamado de craque. Desde que surgiu na equipe principal vindo das categorias de base e se firmou como titular aos vinte anos, o jogador já impressionava pela forma como era capaz de aparecer para desarmar no campo de defesa e se apresentar para as jogadas de ataque. Um volante raro, com visão de jogo e qualidade no passe. Ao retornar três anos depois, vem jogando com o fôlego de um jovem e a experiência de um veterano, capaz de ditar o ritmo da partida.


Não tenho o menor receio de vaticinar que o Ibson chegará à seleção. E se o Dunga ou seu sucessor não mantiver o hábito canhestro de esperar o jogador brilhar na Europa para enfim convocá-lo, sua chegada à seleção fatalmente o conduzirá de volta a uma equipe do velho continente, onde defendeu o Porto por duas temporadas. Seja como for, o Flamengo nada ganhará. Quando o jogador começou a se destacar no ano 2004, por falta de perspicácia (ou por excesso dela, dependendo das intenções por trás das atitudes), os dirigentes do clube não trataram de renovar o contrato do atleta e aumentar sua multa rescisória. Resultado: hoje pagamos um salário bem maior para poder contar com o jogador por empréstimo, já que em 2005 ele foi vendido por um mísero milhão de euros, valor irrisório para os padrões do futebol, em um negócio conduzido por um certo Gerson Biscotto, responsável no mesmo ano por formar um time pavoroso, com a contratação de Adrianinho, Marcos Denner, Alessandro, Márcio Guerreiro e André Santos.

Só nos resta esperar que Ibson, formado na Gávea, nos ajude a retornar a Libertadores e seja um dos destaques do time na conquista da principal competição do continente antes de ir embora novamente. Assim, compensaria minimamente uma das maiores cagadas já produzidas por nossos dirigentes nos últimos tempos.

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Egídio; Jaílton, Cristian (Léo Medeiros), Ibson e Toró; Maxi Biancucchi (Renato Augusto) e Souza (Obina). Técnico: Joel Santana
Grêmio: Saja; Patrício, Léo, William e Anderson Pico; Nunes (Sandro Goiano), Marcelo Labarthe, Tcheco e Diego Souza (Danilo Rios); Jonas (Marcel) e Tuta. Técnico: Mano Menezes
Local: Maracanã/RJ
Árbitro: Sálvio Spinola Fagundes Filho
Auxiliares: Carlos Augusto Nogueira Jr. e Rogério Carlos Rolim
Cartões amarelos: Fábio Luciano, Cristian e Souza (F); Marcelo Labarthe (G)
Gols: Souza, aos 25min do primeiro tempo; Ibson, aos 15min do segundo tempo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

VASCO 1 X 2 FLAMENGO

Há algo de especial acontecendo na arquibancada do Maracanã em dias de jogo do Flamengo. Nossa paixão pelo clube rubro-negro, que sempre foi incomparável, tem se apresentado em estado bruto, sem o filtro das expectativas ou temores quanto ao nosso futuro no campeonato ou no cenário do futebol brasileiro. Não vamos ao estádio para escapar do rebaixamento, para sermos o "melhor do Rio" (alcunha patética que só faz sentido para equipes pouco acostumadas a erguer taças, como o Fluminense) ou para nos classificar para a Libertadores. Lotar o Maracanã em uma partida contra o Náutico com o time na zona do rebaixamento ou fazer uma festa na cidade após a vitória sobre o líder São Paulo pode ser incompreensível para os incautos e ignorantes. No entanto, para nós, freqüentadores da arquibancada do Mengão, não há nada mais sábio e coerente. Afinal, estamos celebrando nossa paixão pela camisa rubro-negra, que atravessa décadas, títulos, craques, times ruins e administrações infames, sempre renovando as emoções que vivemos nos momentos sublimes.

Nós não somos capazes de mover montanhas. Não tansformamos equipes limitadas em brilhantes ou revertemos placares adversos. Somos, no entanto, a voz que dá sentido à busca pela vitória. Acredito que os nossos jogadores, ao olharem o que acontece na arquibancada, entendem claramente a razão pela qual devem lutar. E o resultado prático de todo esse movimento no Campeonato Brasileiro de 2007 é presença em campo de um time aguerrido como há muito não se via defendende as cores do Flamengo.

Foi assim no jogo contra o Vasco. Abrimos o placar (com o Toró, sempre criticado por mim, que jogou bem, com muita vontade desde o início). Sofremos o empate e tivemos um jogador expulso em seguida. O árbitro cumpria atuação irritante. As condições, portanto, eram totalmente favoráveis à virada bacalhau. Pois foi o Flamengo, com menos um, que tomou conta do jogo, que buscou a vitória, que deixou o adversário nas cordas quando soou o gongo, ou melhor, o apito salvador. Por mais que a imprevisibilidade seja um dos principais ingredientes do futebol, concluímos a etapa inicial com aquela sensação de segurança provocada pela impressão de que, para vencer aquela partida seria preciso ter raça, e na raça não perderíamos. Os quarenta e cinco minutos finais apenas confirmaram isso.

É claro que daqui para frente sonharemos mais alto. Mas, independentemente do quão longe poderemos chegar com o nosso sonho, seguiremos presentes aos jogos para protagonizar o momento especial sobre o qual me referi no início do texto. A recompensa virá, seja de que forma for.

Vasco: Silvio Luiz; Vilson (Rafael), Jorge Luiz, Júlio Santos (Dudar) e Wagner Diniz; Andrade, Perdigão, Conca e Rubens Júnior (Alan Kardec); Marcelinho e Leandro Amaral. Técnico: Celso Roth.
Flamengo: Bruno; Leo Moura, Ronaldo Angelim, Rodrigo Arroz e Juan; Rômulo (Colace), Critian, Ibson e Toró (Obina); Maxi (Renato Augusto) e Souza. Técnico: Joel Santana.
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Auxiliares: Hilton Moutinho e Ediney Guerreiro Mascarenhas
Local: estádio do Maracanã/RJ.
Cartões amarelos: Toró, Juan e Leo Moura (Flamengo); Rubens Júnior, Marcelinho, Andrade, Conca e Júlio Santos (Vasco).Cartão vermelho: Colace (Flamengo) e Marcelinho (Vasco).
Público: 44.473 presentes (37.990 pagantes)Renda: R$ 553.174,00Gols: Toró, aos 8mi, e Andrade, aos 15min, Ibson, aos 32min do primeiro tempo.

domingo, 14 de outubro de 2007

PARANÁ 0 x 1 FLAMENGO

Eu quase não sou um torcedor impaciente. Nesse ponto, sou um pouco diferente da maioria dos flamenguistas, pelo menos dos que freqüentam os estádios, que não suportam um erro de passe e pegam facilmente no pé do jogador que na partida anterior garantiu a vitória. Acho que a torcida do Flamengo ficou "mal acostumada" com a era Zico, na qual boas partidas seguidas eram constantes, ou então, como costuma a comparecer em excelente número na maioria dos jogos, exige de forma inexorável atuações que condizam com a devoção de primeira que emana das arquibancadas. Compreendo em parte este comportamento, mas me considero um pouco pragmático. Costumo a reconhecer a limitação do time, o esforço de jogadores de nível duvidoso que, sinal dos tempos, são contratados para defender as cores rubro-negras. Considerando que nada há para se fazer a curto prazo do que incentivar os que estão em campo, já assisti resignado a peladas deprimentes. Para mim, a vaia só produz o efeito de tornar pior o que já é ruim.

Escrevo isso depois de um jogo péssimo contra o Paraná. Uma partida na qual o único sentimento provocado durante os 90 e tantos minutos foi a irritação. Definido o resultado, que credito à fragilidade do adversário, o sentimento se transformou em preocupação com um pouco de alívio. Não há razão para se estender na comemoração (alívio), devemos olhar pra frente um pouquinho (preocupação). Por isso, como um exercício de desabafo e preparação do espírito para o que está por vir, e não apenas para ser ranzinza, vamos às queixas.

Só há um adjetivo para definir Toró: inútil. Pensarmos em Leo Medeiros como opção para mudar o time ofensivamente é pesadelo. Ibson é um excelente volante, mas é VOLANTE! O deprimente processo de ir avançando um jogador talentoso ontem o levou ao ataque. Isso significa mais cabeçudos no meio-de-campo, onde deveria haver jogadores criativos. Chego à conclusão, depois de ter elogiado o desempenho como pivô do Souza em partidas anteriores, que o Júnior Baiano poderia fazer melhor. O cara é incapaz de meter um gol!!!

O fato é que o nível do campeonato está muito baixo e já poderíamos pensar em ter um pouco mais de ambição. Só escapar do rebaixamento é muito pouco. Ontem ganhamos, mas não será uma surpresa se, na gangorra que está o time do Flamengo no campeonato, não confirmemos o nosso favoritismo no Maracanã nos próximos jogos. A forma como a equipe vem conseguindo suas vitórias, na base de muita vontade e com pouco padrão de jogo, denuncia a falta de organização, preparação e planejamento. Por enquanto dá pra salvar do rebaixamento, mas devemos querer mais. Temos que olhar pra frente.

Paraná: Flávio; Léo Matos, Neguette, Nem (Daniel Marques) e Paulo Rodrigues; Goiano, Adriano, Batista e Everton (Giuliano); Josiel e Vinícius Pacheco (Lima). Técnico: Saulo de Freitas
Flamengo: Bruno; Léo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim (Thiago Sales) e Juan; Rômulo, Ibson (Luizinho), Cristian e Toró; Maxi (Léo Medeiros) e Souza. Técnico: Joel Santana
Local: Vila Capanema (PR)
Árbitro: Alicio Pena Júnior
Auxiliares: Carlos Berkenbrock e Nilson Carrijo
Cartões amarelos: Adriano, Ronaldo Angelim, Léo Medeiros, Fábio Luciano, Rômulo (F); Nem,Vinícius Pacheco, Paulo Rodrigues, Goiano (P)Cartão vermelho: Adriano (P)
Gol: Fábio Luciano (F), aos 17 minutos do segundo tempo

domingo, 7 de outubro de 2007

FLAMENGO 0 X 2 FLUMINENSE

Há dias em que nada dá certo. Depois de uma seqüencia de bons resultado e invencibilidade no Maracanã, chegou a hora de termos aquele jogo pra esquecer. Tomamos gols no início de cada tempo e fomos amplamente dominados. Ainda assim, os gols saíram em um chute errado e em outro desviado. Os jogadores que freqüentemente se destacam foram mal hoje: Fábio Luciano, os laterais (principalmente o Juan) e o Ibson. Para completar, houve porradaria generalizada nas arquibancadas amarelas.

Não devemos jogar o time fora por causa do resultado de hoje, mas algumas observações já podem ser feitas. Me preocupo com o poder de criação do meio-de-campo. Falta um camisa 10, um cara que pense. Sobra para o Ibson, que tem que fazer tudo no time (marcar, correr e criar) sem ter características para isso. Não há mais justificativas para a permanência do Jaílton no time, já que ele entrou quando estavam ausentes Roger, Renato Augusto e Ibson. Com a volta do Ibson... Quanto ao Toró, vou ser repetitivo: o cara já atuou de volante, meia e atacante. Em nenhuma posição se destacou. Quem observa bem o jogo percebe o quanto ele se esconde, perdido no meio dos marcadores.

Enfim, de novo recebemos um choque de realidade do time do Flamengo, depois de um breve momento de euforia. Porém, a torcida tem que permanecer fazendo a sua parte, não tenho dúvidas que só acertaremos de vez se a massa de rubro-negros continuar comparecendo e incentivando o time. Só não vale acreditar que os caras são craques.

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo (Colace), Jaílton (Léo Medeiros), Cristian e Ibson; Toró (Kaike) e Souza. Técnico: Joel Santana.

Fluminense: Fernando Henrique; Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto e Júnior César; Fabinho, Romeu, Arouca (Cícero) e Thiago Neves (Maurício); Alex Dias e Somália (Soares). Técnico: Renato Gaúcho.

Local: estádio do Maracanã/Rio de Janeiro
Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca
Auxiliares: Hilton Moutinho Rodrigues e Dilbert Pedrosa Moisés
Cartões amarelos: Romeu e Júnior César (Fluminense); Léo Medeiros (Flamengo).
Gols: Somália (Fluminense), aos 2 minutos do primeiro tempo; Thiago Neves (Fluminense), aos 3 minutos do segundo tempo.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

FLAMENGO 1 X 0 SÃO PAULO

O Flamengo é campeão moral do Brasileirão 2007. Campeão moral, porque bateu o bicho-papão do campeonato, feito que parecia impossível para todos os outro times da competição. Campeão moral, pois no confronto direto com o time que estava invicto há dezesseis rodadas, o Flamengo levou vantagem, empatou fora e venceu em casa. Campeão moral, porque mostrou como se faz para dar alegria a um campeonato sem graça, derrotando o eficiente porém burocrático esquema tricolor, que consiste em amarrar o jogo, dar toques para o lado esperando um erro e utilizar a medíocre tática do revezamento de faltas, contando com a cumplicidade de árbitros indulgentes. O canalhocrata de apito de ontem tratou de seguir o roteiro de ajuda aos bambis: inverteu faltas, aplicou cartões com critério duvidoso aos flamenguistas, poupando de punição a ciranda tricolor de carrinhos e faltas por trás para parar as jogadas. Campeão moral, enfim, porque só o Flamengo é capaz de arrastar multidões ao estádio, seja qual a for a posição do time na tabela! O Flamengo é a salvação do futebol brasileiro, é a garantia de que, independentemente do nível de interesse dos demais pelo campeonato, enquanto houver onze caras vestindo preto e vermelho no palco do Maracanã, haverá um espetáculo memorável protagonizado pela torcida impossível, espetáculo que sempre fará jus à tradição do futebol no Rio, no Brasil e no mundo da bola. Como aconteceu ontem, numa noite em que nós, torcedores, comemorando não um título ou um resultado especial, mas a festa da qual acabávamos de participar, saímos do estádio com orgulho do time que nos representava e, sobretudo, com orgulho de nós mesmos. Orgulho de ser rubro-negro!

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Jaílton, Cristian e Ibson (Léo Medeiros); Maxi (Roger) e Souza. Técnico: Joel Santana.
São Paulo: Rogério Ceni; Alex Silva, Breno, André Dias e Jadílson (Diego Tardelli); Zé Luis (Fernando), Richarlyson, Jorge Wagner e Leandro; Dagoberto (Aloísio) e Borges. Técnico: Muricy Ramalho.
Local: estádio do Maracanã/ Rio de Janeiro
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho
Auxiliares: Milton dos Santos e Altemir Hausmann
Cartões amarelos: Leandro (SP), Jadílson (SP), Souza (F), Maxi (F)
Gol: Ibson (4 min 2º tempo)

domingo, 30 de setembro de 2007

FLAMENGO 1 X 0 ATLÉTICO MG

Ao chegar ao meu destino distante 284 km do Rio de Janeiro e, portanto, do Maracanã, recebi a tranqüilizadora informação de que haveria um pay-per-view para assistir ao jogo. Se não houvesse, teria que sair em busca de um boteco em Campos com uma televisãozinha pendurada rodeada por um grupo de rubro-negros, alguns esperançosos, outros descrentes. Fatalmente encontraria. Quantos destes devem existir espalhados pelo Brasil?
Joel pôde repetir a escalação pela primeira vez neste campeonato. Porém, o time que entrou em campo não é o ideal nem para mim e nem (felizmente!) para o treinador. Uma das coisas que mais tem me incomodado nos últimos tempos é o fato de o Flamengo não ter um time. Uma escalação que saibamos de cor. Nos tempos de Ney Franco, isso não acontecia por causa da irritante mania do treinador mineiro de querer armar uma equipe para cada jogo, o que parecia demonstração de incerteza, principalmente quando as alternativas eram tão díspares como escalar o time num 3-6-1 ou num 4-4-2. Essa mania e a indicação do pavoroso trio de zagueiros Irineu-Moisés-Thiago (aargh!) foram, para mim, os maiores defeitos do ex-técnico.
Como as indicações do Ney deram no que deram, tivemos que montar praticamente um outro time no meio do campeonato e graças a contusões (que podem ser creditadas à falta de preparação) e a algumas suspensões, ainda não conseguimos ter uma equipe do 1 ao 11. Mas alguns avanços já podem ser percebidos, como vimos no fraco jogo em que batemos o galo. Fábio Luciano arrumou a defesa, ao seu lado o Angelim nem parece o zagueiro mole do primeiro semestre. Os dois estiveram muito bem no sábado. Souza e Maxi formam uma dupla de ataque do jeito que tem que ser: um de centroavante e outro caindo pelas pontas. Os laterais vêm se destacando e acredito que a razão é a solidez da proteção à zaga, com os volantes se desdobrando na marcação. Só que, como a inspiração é artigo em falta na meiuca dos últimos jogos, se não tivermos um jogadorzinho só para armar as jogadas, há risco de os laterais ficarem sobrecarregados. Esse jogadorzinho não pode ser o Ibson, embora ele melhore consideravelmente a saída de bola para o ataque (ótimo volante, portanto). E reitero: Toró não dá. O moleque é esforçado e só. E seu excesso de vontade pode ser temerário: distribuiu tantos carrinhos que se não fosse substituído e continuasse naquele ritmo, poderia ser expulso. Não dá pra ser o meia de ligação um cara que não chuta a gol, que não dá um passe para botar os atacantes na cara da meta.
Sobram o Renato Augusto, que chega bem no ataque e sabe carregar a bola, mas não acredito que sua recuperação física e psicológica seja para este ano; o Leo Medeiros, que pra mim está muito mais para volante que para armador, é muito lento; e o Roger. Não há dúvida que o jogador do atual elenco com mais potencial para dar alguma criatividade ao meio-de-campo do Flamengo é o Roger. Não condenei a sua contratação. Mesmo sem me entusiasmar, achei que valia a tentativa. Mas confesso que roí a corda. Sua passagem até agora está de acordo com as piores projeções dos flamenguistas mais pessimistas na sua chegada. As atuações foram apagadíssimas, sem nenhuma demonstração de vontade. Tomou uma série de cartões idiotas. O episódio da simulação de agressão contra o Fluminense foi ridículo. Foi afastado para apurar a forma e aparece com um "desconforto" na coxa não detectado por ressonância.
Acho que só há uma coisa a se fazer: jogar o Roger aos leões. Escalá-lo contra o São Paulo, já que o Toró não joga mesmo, e ver como ele se sai. Será nosso jogo mais difícil no Maracanã neste Brasileiro, a oportunidade perfeita para o sujeito demonstrar se está afim de jogar alguma coisa ou se está realmente de sacanagem. A torcida estará de olho.

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Jaílton, Cristian e Toró (Leonardo); Maxi (Léo Medeiros) e Souza (Kayke). Técnico: Joel Santana.
Atlético-MG: Juninho; Cláudio, Leandro Almeida, Marcos e Thiago Feltri; Xaves, Bilu (Marquinhos), Gérson e Danilinho; Éder Luís (Galvão) e Marinho (Vanderlei). Técnico: Emerson Leão.
Local: estádio do Maracanã/ Rio de Janeiro
Sálvio Spinola Fagundes Filho
Auxiliares: Márcio Luiz Augusto e Luiz Carlos Teixeira
Cartões amarelos: Cláudio (A), Fábio Luciano (F), Leandro Almeida (A), Toró (F) e Bruno (F)
Gol: Cristian (30min 2º)

domingo, 23 de setembro de 2007

JUVENTUDE 2 X 2 FLAMENGO

Se tenho que assistir a um jogo do Flamengo na televisão, prefiro fazê-lo sozinho. Na pior das hipóteses, com poucas pessoas. Bar, só se não tiver opção. Com muita gente, é difícil me concentrar, as conversas atrapalham. Principalmente porque eu falo muito. Não devo ser uma boa companhia para isso. Se o jogo está tenso, falo compulsivamente por nervosismo; se tudo está calmo, a tagarelice é provocada pelo relaxamento.
Por outro lado, a torcida solitária em frente a tevê é muito angustiante. Já fui algumas vezes sozinho ao Maracanã e é bem diferente. Lá, mesmo em jogos vazios, você faz parte de um organismo, conta com a adesão solidária de crianças que lhe dirigem um olhar cúmplice ou de torcedores veteranos que já passaram pela mesma situação de sair do trabalho e ir direto para o estádio fazer sua parte no apoio ao time do coração. No sofá da sala, você se sente enclausurado, sofrendo com a sensação de impotência que a distância da arquibancada confere. Se eu tivesse pay-per-view, engordaria muito. A cada chute perigoso, vou buscar alguma coisa pra comer, para aplacar a ansiedade. E se tem cerveja, vou conferir se não congelou.
O jogo de hoje não foi dos mais nervosos, mas nem por isso deixei de atacar o biscoito de chocolate na despensa. E se não falei o tempo todo, pois não tinha ninguém pra ouvir, troquei uns torpedos com o André para comentar o jogo. Não levo muita fé no time com esse meio-de-campo, mas me surpreendi com a disposição da equipe e com a mobilidade dos leves laterais naquele campo encharcado. O Mengão fez um gol pessimamente anulado e logo em seguida, num lance de bela troca de passes, Leo Moura tratou de garantir o que lhe havia sido injustamente negado minutos antes, seu nome brilhando em destaque no placar. Tudo parecia bem, mas em uma falha do Bruno, a cabeçada despretensiosa do uruguaio do Juventude acabou virando gol.
Pois é, mais uma vez tratamos de dar um gol de presente ao adversário. Um não, dois, pois o segundo nasceu de uma batida de cabeças entre o Fábio Luciano, em um momento de Irineu, e o Rômulo. Depois disso, perdemos muitos gols, o mais irritante numa jogada do mesmo Leonardo que havia colocado o time em vantagem após substituir o Maxi, que, ao meu ver, não deveria ter saído. Assim, na rodada em que a distância entre os freqüentadores da zona de rebaixamento e os times próximos a ela diminuiu, portanto aumentando o perigo, o Flamengo perdeu uma ótima oportunidade de afastar-se da ameaça de degola.
Sinceramente, não acredito no rebaixamento. Acho que o papel que outrora foi desempenhado por Grêmio, Palmeiras e Atlético Mineiro, e que vem ameaçando o Flamengo, o de time-grande-desestruturado-que-é-rebaixado, neste ano está destinado ao Corinthians. Já vinha dizendo isto antes de eles ingressarem na zona maldita, por conta dos escândalos do Dualib. O ruim é que, uma vez não tendo mais nada o que esperar do time pois não dá nem pra sonhar com uma vaguinha na Libertadores (concordo com a tese de um colega do trabalho que pensa que é melhor nem se classificar pra Sul-Americana), nós, torcedores, começamos já em setembro a nos ocupar com aquilo que a diretoria parece sempre negligenciar: o planejamento para o ano seguinte.
Em tempo: Toró não me convence!

Juventude: Michel Alves; Renan, Nunes, Danilo e Alex; Julio César, Vanzini (Marcelo Costa), William (Ivo) e Renato (Tiago); Tadeu e Bruno. Técnico: Beto Almeida
Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Jaílton, Cristian (Colace) e Toró (Léo Medeiros); Maxi (Leonardo) e Souza. Técnico: Joel Santana
Local: estádio Alfredo Jaconi/Caxias do Sul
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Auxiliares: Roberto Braatz e Rogério Carlos Rolim
Cartões amarelos: Jailton (F), Danilo (J), Fabio Luciano (F), Renan (J), Ivo (J) e Léo Medeiros (F)
Gols: Leonardo Moura, (21min 1º tempo) Vanzini (25min 1º ); Leonardo (6min 2º) Tiago (14 min 2º)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

FLAMENGO 1 X 1 VASCO

Relendo os textos anteriores e escrevendo este, percebo a reprodução de um comportamento muito comum entre os torcedores fanáticos que acompanham seus times: a tentativa desesperada de prever os acontecimentos dos jogos. É uma forma de amenizar o sofrimento da espera, de receber uma dose de confiança entorpecente ou de se esconder atrás de uma desconfiança protetora. Mecanismos psicológicos de defesa, enfim. Comigo começou há muito tempo. Lembro de um jogo, Guarani x Flamengo, acho que o ano era 1988. Era estréia do Telê. Perguntei à minha madrinha se o Flamengo ganharia, na busca de uma voz tranquilizadora que dissesse o que eu queria ouvir e que tivesse autoridade. Ela disse que sim e ainda informou o motivo: em estréia de técnico, o time não perde. O Neto fez 1 x 0 no primeiro tempo para o Guarani e, por um momento, cheguei a desacreditar a previsão. No entanto, comandado por Zico, o Mengão virou o jogo e fechou com uma goleada de 5 x 1, em pleno Brinco de Ouro! Sábia teoria, sábia teoria!
Recorremos a teorias otimistas, bons presságios, avisos sobrenaturais. Em outras ocasiões, vozes malditas parecem alertar para uma tragédia anunciada. Eu, como bom cético, descarto o místico, apesar de respeitá-lo; prefiro um racionalismo tão forçado, mas tão forçado, que pode ser tudo, menos racional.
Assisti ao jogo Flamengo x Vasco em busca de sinais que me permitissem prever os acontecimentos. As cores da torcida, a profusão de bandeiras, de papel picado e rolos de canhoto de Visanet (!!) davam a impressão de que teríamos uma noite especial. O jogo começou nervoso. O gol do Vasco, logo no ínício, imediatamente tornou claras as evidências da tragédia: quando falha logo no início, o Flamengo perde, quando é hora de emplacar, o time dá uma caída, o Vasco sempre ganha quando não vale nada, etc.
No entanto, ao ver o Paulo Sérgio ser retirado de campo, inflamado pelos gritos de indignação da torcida pela segunda baixa provocada pela violência bacalhau, percebi porque venceríamos o jogo: estávamos com um time esfacelado, com a torcida irada e que não mediria esforços para empurrar o time. Na base da vontade viraríamos o jogo e golearíamos, e a partida entraria para a história como a noite em que o Flamengo, com cinco cabeças-de-área, esculachou o Vasco! O roteiro perfeito estava desenhado, principalmente depois do gol de empate do Leo Moura!
Não aconteceu. O jogo foi chato no segundo tempo, sem chances reais de gol pro Flamengo. Até mesmo os ingredientes foram irreais: nem houve violência nas contusões. O time ficou me devendo a vitória prevista, mas contra este adversário, o Mengão tem crédito. Não há esculacho maior no futebol de hoje que a relação de freguesia que os bacalhaus estabeleceram conosco. Se fosse uma final, a história provavelmente seria como eu imaginei...

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Cristian, Jaílton e Toró; Renato Augusto (Paulo Sérgio, depois Léo Medeiros) e Obina. Técnico: Joel Santana
Vasco: Sílvio Luiz; Jorge Luiz, Júlio Santos e Dudar; Wagner Diniz, Roberto Lopes, Perdigão (Andrade), Marcelinho (Alan Kardec) e Rubens Júnior; Conca e Leandro Amaral. Técnico: Celso Roth
Local: estádio do Maracanã/Rio de Janeiro
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique
Auxiliares: Aristeu Tavares e Dibert Moisés
Cartões amarelos: Wagner Diniz (Vasco), Juan (Flamengo), Perdigão (Vasco), Dudar (Vasco), Roberto Lopes (Vasco), Toró (Flamengo) e Júlio Santos (Vasco)
Gols: Leandro Amaral, (10min 1º tempo) e Leonardo Moura(46min 1º tempo )

sábado, 15 de setembro de 2007

FLAMENGO 3 X 1 CRUZEIRO

A perspectiva não era nada animadora. O Flamengo enfrentaria o vice-líder do campeonato com desfalques sendo substituídos por um bando de cabeças-de-área e com Renato Augusto no ataque. E o pior, eu não estaria na arquibancada. Tive um compromisso e como não daria tempo de chegar ao Maracanã, fui até a casa do Gustavo assistir ao jogo no pay-per-view.

Cheguei com quinze minutos de jogo e logo recebi uma informação inesperada: o Flamengo estava jogando bem e perdendo gols. Perder "gols", assim, no plural, considerando a meiuca acéfala, era algo que não estava previsto no meu imaginário nem para o jogo todo, quanto mais para os primeiros quinze minutos!

Logo, veio a bela jogada de Souza, Toró ajeitou e antes que bola chegasse para o arremate do Leonardo Moura, o Gustavo já comemorava o gol. Excesso de confiança? Dom da premonição? Na verdade, algo menos psicológico ou místico: como o sinal da net digital tem um atraso em relação ao sinal analógico, e como a tecnologia da tv por assinatura do Gustavo é mais moderna que a do bar localizado embaixo do prédio(e por isso a primeira chega atrasada!), a comemoração dos rubro-negros aglomerados em torno da televisão do boteco anunciava o desfecho da jogada. Alertado sobre isso, comecei a diferenciar os suspiros de quase-gol dos urros de gooooooooooool. Assim, quando a bola saiu dos pés de Leo Moura, já estava comemorando o merecido tento do Souza, assim como antes de o Leo Medeiros rolar a bola para o Obina, já pulávamos em comemoração à conclusão do melhor-que-Eto'o.

Assim, agraciado com uma surpreendente vitória tranqüila, na qual até os gols já vinham com confirmação prévia, fui embora satisfeito e convencido de que não dá pra saber qual é a deste time do Flamengo. Há tantos elementos nesta história (altos e baixos dos jogadores, falta de planejamento, o fator Maracanã, etc.), que no fundo, qualquer decreto sobre o futuro da equipe será especulação, otimismo excessivo ou resignação medrosa.

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano (Thiago Sales), Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Jaílton, Cristian e Toró (Obina); Renato Augusto (Léo Medeiros) e Souza. Técnico: Joel Santana
Cruzeiro: Fábio; Jonathan (Luiz Alberto, depois Guilherme), Emerson, Thiago Heleno e Fernandinho; Ramires, Charles (Kerlon), Wagner e Maicosuel; Roni e Alecsandro. Técnico: Dorival Júnior
Local: Estádio do Maracanã/Rio de Janeiro
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho
Auxiliares: Altemir Hausmann e Roberto Braatz
Cartões amarelos: Toró (Flamengo), Charles (Cruzeiro), Souza (Flamengo) e Maicosuel (Cruzeiro)
Gols: Leonardo Moura (27min 1º tempo); Souza (20min), Guilherme (36min) e Obina (43min 2º tempo)

sábado, 8 de setembro de 2007

INTERNACIONAL 3 X 0 FLAMENGO

O Flamengo que joga em casa às vezes é aguerrido, em outras é limitado, em outras tantas tem sorte ou é um time emocionalmente descontrolado. Já o time que joga fora de casa não é nada disso, mas é extremamente regular. Parece seguir um roteiro nas ocasiões em que visita os domínios alheios: entra sonolento, toma gols bobos e não demonstra poder de reação suficiente para reverter a situação. Foi assim contra Santos, Atlético Paranaense, Palmeiras, Grêmio e contra o Internacional, hoje. Basta acompanhar 15 minutos do primeiro tempo pra saber no que vai dar: algo como um Leo Medeiros pensativo, olhando para o chão, enquanto o adversário toma a bola e segue em direção ao gol.

Houve lances parecidos em casa? Sim, principalmente antes do Pan: nosso cartão de visitas foi tomar um gol despretensioso do Edmundo numa insossa tarde de Dia das Mães. Mas a mudança de técnico, a ameaça de rebaixamento e a presença da torcida no Maracanã resultou em cinco vitórias e dois empates em que abrimos o marcador. O que o torcedor haveria de desejar? Pelo menos uma gotinha dessa força nos jogos como visitante. Era isso que eu desejava. E mais uma vez passei uma tarde perplexo com a apatia em preto e vermelho na televisão.

Os jogos que nos restam no Maraca serão, em sua maioria, contra times do andar de cima, os melhores classificados da tabela. E aí há uma carga de drama: se dos jogos fora não dá pra esperar muito, não sei o que esperar das partidas em casa. Ainda mais se continuarmos sem o Maxi e se a ele se juntar o Ibson.

Sobre as atuações no jogo de hoje, arrisco impressões possivelmente imprecisas (cabeça quente ou euforia, estados nos quais eu costumo ficar após os jogos do Mengão, sempre podem prejudicar a validade de uma análise): Roger não joga, passeia. Nada justifica a escalação de Renato Augusto no ataque. Tristes de nós se dependermos do Toró. E Souza parece seguir uma curiosa sina: a de artilheiro que joga bem, mas não faz gol.

Internacional: Clemer; Wellington Monteiro, Índio, Sidnei e Alex; Edinho, Magrão (Magal), Guiñazu e Roger (Elder Granja); Adriano e Gil (Fernandão). Técnico: Abel Braga
Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fabio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Léo Medeiros, Ibson (Toró) e Roger (Jailton); Renato Augusto (Obina) e Souza. Técnico: Joel Santana
Local: Estádio Beira-Rio/Porto Alegre
Árbitro: Paulo César Oliveira
Auxiliares: Márcio Luiz Augusto e Emerson Carvalho
Cartões amarelos: Roger, Magrão (Inter); Souza, Juan (Flamengo)
Gols: Wellington Monteiro (19min 1º tempo) e Roger (44min 1º tempo); Elder Granja (43min 2º tempo)