domingo, 2 de dezembro de 2007

NÁUTICO 1 X 0 FLAMENGO

É chato ter que terminar o campeonato com uma derrota, mas, na boa? O resultado não mudou nada. O mais importante era nos garantirmos direto na fase de grupos da Libertadores, servicinho realizado com maestria pelos patéticos palmeirenses. Se ganhássemos, ficaríamos em segundo. A esta altura milhões de rubro-negros estão desdenhando da derrota com o mesmo tom jocoso: vice é coisa de bacalhau.

Difícil dizer até que a derrota trouxe lições, pois o time pareceu bastante desinteressado do jogo, o que o torna atípico. Eu apenas arriscaria dizer que o Maxi merecia permanecer mais tempo em campo e que Paulo Sérgio definitivamente não dá. Taí um lado bem positivo do resultado: a volta do esquálido atacante nos fez lembrar o quanto ele é fraquinho (em amplo sentido). Deu chutinhos ridículos e perdeu o gol mais feito do jogo (outros foram perdidos por Toró e Fábio Luciano). Espero que alguém tome a sábia decisão de emprestar o moleque para ganhar corpo e ritmo de jogo, de preferência em um time com sede bem longe do Rio de Janeiro.

Nada porém que atrapalhe a nossa comemoração. De cara, dá pra dizer que esse é o melhor ano do Mengão desde o penta, em 1992. De lá pra cá, até ganhamos títulos com alguma relevância, como o Tri Estadual e a Copa dos Campeões em 2001, a Mercosul de 1999 e mesmo a Copa do Brasil do ano passado (que cá entre nós, anda mais fácil que a disputa do Cariocão). Em quase todos os anos passados de 1992 para cá, porém, o Flamengo sempre teve temporadas irregulares, fez feio no Brasileiro e sofreu agruras com a falta de planejamento. Nos últimos campeonatos nacionais, só éramos capazes de demonstrar a força rubro-negra quando o time estava nas últimas e o rebaixamento se tornava uma ameaça concreta. Era sempre tarde. O grande lance de 2007 foi que, depois de seguir o roteiro com um título no Estadual e uma campanha claudicante no início do Brasileirão, a reação veio mais cedo, e a equipe foi subindo e se tornando imbatível em sua casa, como nunca deveria deixar de ser. Sem contar com a torcida, o grande espetáculo do campeonato. Pode escrever: depois de 2007, o conceito de torcida em um campeonato de pontos corridos vai ser redefinido. Todos vão tentar imitar e ter como referência a torcida do Flamengo, mais uma vez pioneira.

Disputar a Libertadores por dois anos seguidos tem um significado especial também. Mostra que estamos no caminho certo, e que a forma de reerguer o clube é trabalhando sério, passo-a-passo, sem soluções milagrosas. Ou, talvez, com milagre, sim. Isso é o que eu espero que tenha sido o ano para o Mengão: a redescoberta do caminho das conquistas através de um pouco de seriedade dos profissionais do clube, deixando o passe de mágica por nossa conta nas arquibancadas.

Como a temporada acabou, o blog dá um tempo. Posso dizer que este espaço rubro-negro deu sorte: segundo Joel, foi depois do jogo contra o Inter (partida de estréia da Resenha) que o esporro comeu solto e que a virada se iniciou. A minha idéia aqui foi a de escrever sobre o que eu enxergo e sobre o que acontece comigo quando o Flamengo joga. Não tive a intenção de fazer análises racionais e muito menos coerentes (basta ler o que escrevi nestes textos sobre Toró e Roger, por exemplo). O que quis foi registrar um inventário das minhas angústias e sentimentos de euforia para ao menos poder recuperá-los quando quiser, afinal de contas, a memória de vez em quando falha. Enfim, é só um procedimento terapêutico. E ano que vem tem mais, com data marcada para o dia 20 de janeiro: lá na segunda entrada das arquibancadas amarelas e aqui. Confesso que já estou ansioso para recomeçar logo!

Feliz Natal e um ano novo que culmine em Tóquio!

Náutico: Fabiano; Sidny, Vagner Silva, Everaldo e Júlio César; Daniel Paulista, Elicarlos, Geraldo (Helton) e Acosta; Marcelinho (Radamés) e Felipe (Ferreira) Técnico: Roberto Fernandes
Flamengo: Bruno; Léo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Cristian, Léo Medeiros (Egídio), Toró e Ibson; Maxi (Roger) e Obina (Paulo Sérgio). Técnico: Joel Santana
Local: Aflitos/PE
Árbitro: Paulo César Oliveira
Auxiliares: Elias Silva Almeida e Maria Eliza Correia Barbosa
Cartões amarelos: Ferreira (Náutico); Toró, Ibson, Léo Moura e Ronaldo Angelim (Flamengo)

Gol: Sidny, aos 32 minutos do segundo tempo.