Kleberson é gênio. Realizou uma excelente partida na vida (duvido que tenha tido qualquer outra mais do que boa) mas foi esperto o suficiente para fazê-lo numa final de Copa do Mundo. Depois disso, nunca mais precisou jogar nada para ganhar dinheiro como jogador de futebol. Na época era uma jovem promessa, e todos os seus sucessivos fracassos após o Mundial (no próprio Atlético-Pr que o revelou, no Manchester e no Besiktas) eram aliviados pela lembrança de que o jogador conquistara o penta com o Brasil. Não sei se nos outros clubes pelos quais passou funcionava deste jeito, mas, no Flamengo, onde dizem que recebe o maior salário do elenco, o Kleberson desenvolve um macete que poucos observam. Ao final do empate contra oVitória, a maioria poderá reclamar do Leo Moura ou do Toró, que desperdiçaram jogadas de gol claríssimas. Estes devem receber uma nota 4 ou 4,5 dos jornais, comprometeram claramente o resultado do jogo. Kleberson levará um 5,5 ou 6: não perdeu gols, não desperdiçou ataques... Agora tente se lembrar de um lance em que o rapaz tenha participado na defesa ou no ataque. Eu falo em participar, não em destacar-se ou executar com perfeição. Só participar.
Pois é... Eu só lembro de um lance, uma bola no ataque que foi rebatida em seus pés e ele deu um balão na bola, botando o Leo Moura na frente do gol, mas também livrando-se dela. Aliás, meu amigo André observa que ele sempre se livra da bola. O André também concluiu o que não parece tão óbvio: com o Kleberson, jogamos sempre com menos um. Mas desse jeito, escondidinho e com título de pentacampeão do mundo, o sem-sangue é titular absoluto no time do Tiozão.
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O Flamengo está a 3 pontos dos líderes. Os que estão na frente não possuem muitos atributos: o Grêmio andou perdendo da Portuguesa e nesta rodada tomou um passeio; O Palmeiras levou de 3 do Fluminense; o Cruzeiro é um time de garotos e o São Paulo ganha sempre na conta do chá e muitas vezes com arbitragem amiga. O Flamengo tem (ou tinha, após esta rodada) a melhor campanha do segundo turno. É (ou era) o melhor visitante. Tem o segundo melhor ataque e o terceiro melhor saldo. No entanto, os dados qualitativos são mais importantes que os quantitativos. A matemática é pouco para me entusiasmar. O time não inspira confiança. Para ser campeão ou talvez até para a vaga na Libertadores, precisará ganhar do Cruzeiro fora e do Palmeiras em casa.
Não levo fé. Também não acho agradável assistir aos jogos deste time. O jogo com o Coritiba foi uma aberração, com muitos deméritos para o adversário. Por isso, não pretendo ir ao jogo de sábado. Caio Jr. e Kleberson conseguiram me transformar num torcedor de radinho.