domingo, 28 de outubro de 2007

AMÉRICA-RN 0 X 1 FLAMENGO

Foi um jogo duríssimo. Possivelmente, o de maior motivação para o adversário (rebaixado há muito) nas últimas vinte e cinco rodadas. Como a torcida do Flamengo é enorme em Natal, a exemplo de todas as capitais do Nordeste, a partida tomou ares de clássico. Comparecendo rubro-negros em grande número, os torcedores americanos não poderiam deixar de estar presentes. Nas últimas 10 partidas antes da peleja desta tarde, a média de público no Machadão foi de 7211 pessoas. Hoje havia 35 mil. Se para nós estava valendo a entrada no paraíso, para o América, time mais esculachado do campeonato, o jogo representava a defesa do mínimo de honra que lhe restava.

Prefiro pintar com essas cores o espetáculo a que assisti na tarde de hoje. É uma tentativa de justificar meu sofrimento. Porque eu sofri pra cacete! Na prática, acho que a angústia era por estarmos na encruzilhada entre a redenção e a chacota. Mesmo sabendo que tínhamos que respeitar o adversário, não dava para admitir ficarmos de fora da luta pela Libertadores em uma partida contra o pior time do campeonato.

O personagem do jogo foi o Joel. O time tem a cara do Natalino, para o bem e para o mal. O saldo tem sido muito positivo. O Flamengo é uma equipe sem muita sofisticação, até previsível, mas consistente na defesa e eficiente no ataque pelas laterais. E briga o tempo todo. Se pensarmos nas primeiras partidas sob a batuta do homem da prancheta, lembraremos que o time guardava resquícios de uma certa sonolência, repetindo os gestos indolentes do início do Brasileiro e do primeiro semestre que nos levaram, por exemplo, à fatídica derrota contra o Defensor no Uruguai, encerrando a nossa participação na Libertadores 2007. Logo que chegou, o Joel reclamou da paralisia, esbravejou na beira do campo e nos treinamentos, até, enfim, acabar com a palhaçadinha. O time hoje é outro. Posso estar enganado, mas se o jogo desta tarde fosse no início do campeonato, acredito que fatalmente perderíamos. Pois antes, quando faltava qualidade (e hoje faltou), sobrava displicência. Um exemplo dessa mudança de atitude é o Ronaldo Angelim, que lutou muito no confronto com o América.

Eu fiquei puto com a contratação do Joel. Achava que o raio não cairia duas vezes no mesmo lugar. Hoje, reconheço que o cara está fazendo um bom trabalho. É melhor campanha rubro-negra em muito tempo. Nem imagino há quantos campeonatos brasileiros o Flamengo não ganhava quatro partidas seguidas. Até a presença do Toró, diante das seguidas contusões do Renato Augusto e da atuação do Roger no jogo de hoje, começo a achar que se justifica. Só mesmo o Flamengo para me fazer ficar feliz por mudar de idéia.

Até então eu não vinha falando abertamente de Libertadores. Preferi ter cautela. Mas se até o Joel já admite falar... Com os pontinhos perdidos por Palmeiras e Cruzeiro, encostamos mais. Nosso caminho é bem duro, pois temos menos vitórias que os adversários (primeiro critério de desempate) e uma tabela mais cascuda. Se o campeonato é disputado em pontos corridos, para o Flamengo virou mata-mata. Uma derrota, principalmente em um dos três próximos jogos, provavelmente nos tira da briga. E nossos adversários nas rodadas que faltam, possível exceção para o Atlético-PR, com certeza terão muito a perder e virão com a faca nos dentes. Enfim, tem tudo para ser perfeito, do jeito que nós, rubro-negros, gostamos. Eu sei que é feio terminar um texto com um chavão, mas deste aqui eu estava com saudades: o Flamengo é time de chegada!

América-RN: Sérvulo; Carlos Eduardo, Rogélio e Robson; Chiquinho (Tony), Marquinhos Mossoró (Joellan), Reinaldo (João Neto), Souza e Wesley Brasília; Geovane e Berg. Técnico: Paulo Moroni
Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Jaílton, Cristian, Toró (Léo Medeiros) e Ibson; Maxi Biancucchi (Obina) e Souza (Roger). Técnico: Joel Santana
Local: Estádio Machadão (RN)
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva
Auxiliares: Elias Silva Almeida e Carlos Lustosa Filho
Cartões Amarelos: Reinaldo, Rogélio, Wesley Brasília e Joellan (A)
Gols: Souza (Fla), aos 15 min do 1º tempo

domingo, 21 de outubro de 2007

FLAMENGO 2 X 0 GRÊMIO

No caminho de volta do Maracanã para casa, vim pensando em como escrever sobre o jogo de hoje sem ser repetitivo. Afinal, mais uma vez a torcida lotou o estádio (novo recorde de público pagante), o time jogou com muita raça e foi extremamente aplicado e não nos sentimos ameaçado em nenhum momento pelo adversário. Talvez a diferença nas condições para o confronto contra o Grêmio estivesse na composição do banco. Não, nenhum reserva que entrou teve participação decisiva no resultado, mas hoje pudemos iniciar a partida deixando no banco jogadores capazes mudar o jogo tanto tática quanto tecnicamente. Houve até controvérsia na escalação! Eu, por exemplo, preferiria um time um pouquinho mais ofensivo logo de saída. Mas o fato é que se estávamos sempre na conta do chá (na segunda partida contra o Flu, perdemos o Maxi e não tínhamos ningúém da posição para escalar, por exemplo), parece que agora, com algumas exceções, não precisamos nos desesperar com qualquer desfalque de ocasião.


Se tivesse que escolher um destaque deste elenco que começa a se mostrar consistente, não demoraria muito pensando. Para mim, e acredito que para muitos, o Ibson é o principal jogador da equipe. É, na minha opinião, o único no time que pode ser chamado de craque. Desde que surgiu na equipe principal vindo das categorias de base e se firmou como titular aos vinte anos, o jogador já impressionava pela forma como era capaz de aparecer para desarmar no campo de defesa e se apresentar para as jogadas de ataque. Um volante raro, com visão de jogo e qualidade no passe. Ao retornar três anos depois, vem jogando com o fôlego de um jovem e a experiência de um veterano, capaz de ditar o ritmo da partida.


Não tenho o menor receio de vaticinar que o Ibson chegará à seleção. E se o Dunga ou seu sucessor não mantiver o hábito canhestro de esperar o jogador brilhar na Europa para enfim convocá-lo, sua chegada à seleção fatalmente o conduzirá de volta a uma equipe do velho continente, onde defendeu o Porto por duas temporadas. Seja como for, o Flamengo nada ganhará. Quando o jogador começou a se destacar no ano 2004, por falta de perspicácia (ou por excesso dela, dependendo das intenções por trás das atitudes), os dirigentes do clube não trataram de renovar o contrato do atleta e aumentar sua multa rescisória. Resultado: hoje pagamos um salário bem maior para poder contar com o jogador por empréstimo, já que em 2005 ele foi vendido por um mísero milhão de euros, valor irrisório para os padrões do futebol, em um negócio conduzido por um certo Gerson Biscotto, responsável no mesmo ano por formar um time pavoroso, com a contratação de Adrianinho, Marcos Denner, Alessandro, Márcio Guerreiro e André Santos.

Só nos resta esperar que Ibson, formado na Gávea, nos ajude a retornar a Libertadores e seja um dos destaques do time na conquista da principal competição do continente antes de ir embora novamente. Assim, compensaria minimamente uma das maiores cagadas já produzidas por nossos dirigentes nos últimos tempos.

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Egídio; Jaílton, Cristian (Léo Medeiros), Ibson e Toró; Maxi Biancucchi (Renato Augusto) e Souza (Obina). Técnico: Joel Santana
Grêmio: Saja; Patrício, Léo, William e Anderson Pico; Nunes (Sandro Goiano), Marcelo Labarthe, Tcheco e Diego Souza (Danilo Rios); Jonas (Marcel) e Tuta. Técnico: Mano Menezes
Local: Maracanã/RJ
Árbitro: Sálvio Spinola Fagundes Filho
Auxiliares: Carlos Augusto Nogueira Jr. e Rogério Carlos Rolim
Cartões amarelos: Fábio Luciano, Cristian e Souza (F); Marcelo Labarthe (G)
Gols: Souza, aos 25min do primeiro tempo; Ibson, aos 15min do segundo tempo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

VASCO 1 X 2 FLAMENGO

Há algo de especial acontecendo na arquibancada do Maracanã em dias de jogo do Flamengo. Nossa paixão pelo clube rubro-negro, que sempre foi incomparável, tem se apresentado em estado bruto, sem o filtro das expectativas ou temores quanto ao nosso futuro no campeonato ou no cenário do futebol brasileiro. Não vamos ao estádio para escapar do rebaixamento, para sermos o "melhor do Rio" (alcunha patética que só faz sentido para equipes pouco acostumadas a erguer taças, como o Fluminense) ou para nos classificar para a Libertadores. Lotar o Maracanã em uma partida contra o Náutico com o time na zona do rebaixamento ou fazer uma festa na cidade após a vitória sobre o líder São Paulo pode ser incompreensível para os incautos e ignorantes. No entanto, para nós, freqüentadores da arquibancada do Mengão, não há nada mais sábio e coerente. Afinal, estamos celebrando nossa paixão pela camisa rubro-negra, que atravessa décadas, títulos, craques, times ruins e administrações infames, sempre renovando as emoções que vivemos nos momentos sublimes.

Nós não somos capazes de mover montanhas. Não tansformamos equipes limitadas em brilhantes ou revertemos placares adversos. Somos, no entanto, a voz que dá sentido à busca pela vitória. Acredito que os nossos jogadores, ao olharem o que acontece na arquibancada, entendem claramente a razão pela qual devem lutar. E o resultado prático de todo esse movimento no Campeonato Brasileiro de 2007 é presença em campo de um time aguerrido como há muito não se via defendende as cores do Flamengo.

Foi assim no jogo contra o Vasco. Abrimos o placar (com o Toró, sempre criticado por mim, que jogou bem, com muita vontade desde o início). Sofremos o empate e tivemos um jogador expulso em seguida. O árbitro cumpria atuação irritante. As condições, portanto, eram totalmente favoráveis à virada bacalhau. Pois foi o Flamengo, com menos um, que tomou conta do jogo, que buscou a vitória, que deixou o adversário nas cordas quando soou o gongo, ou melhor, o apito salvador. Por mais que a imprevisibilidade seja um dos principais ingredientes do futebol, concluímos a etapa inicial com aquela sensação de segurança provocada pela impressão de que, para vencer aquela partida seria preciso ter raça, e na raça não perderíamos. Os quarenta e cinco minutos finais apenas confirmaram isso.

É claro que daqui para frente sonharemos mais alto. Mas, independentemente do quão longe poderemos chegar com o nosso sonho, seguiremos presentes aos jogos para protagonizar o momento especial sobre o qual me referi no início do texto. A recompensa virá, seja de que forma for.

Vasco: Silvio Luiz; Vilson (Rafael), Jorge Luiz, Júlio Santos (Dudar) e Wagner Diniz; Andrade, Perdigão, Conca e Rubens Júnior (Alan Kardec); Marcelinho e Leandro Amaral. Técnico: Celso Roth.
Flamengo: Bruno; Leo Moura, Ronaldo Angelim, Rodrigo Arroz e Juan; Rômulo (Colace), Critian, Ibson e Toró (Obina); Maxi (Renato Augusto) e Souza. Técnico: Joel Santana.
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Auxiliares: Hilton Moutinho e Ediney Guerreiro Mascarenhas
Local: estádio do Maracanã/RJ.
Cartões amarelos: Toró, Juan e Leo Moura (Flamengo); Rubens Júnior, Marcelinho, Andrade, Conca e Júlio Santos (Vasco).Cartão vermelho: Colace (Flamengo) e Marcelinho (Vasco).
Público: 44.473 presentes (37.990 pagantes)Renda: R$ 553.174,00Gols: Toró, aos 8mi, e Andrade, aos 15min, Ibson, aos 32min do primeiro tempo.

domingo, 14 de outubro de 2007

PARANÁ 0 x 1 FLAMENGO

Eu quase não sou um torcedor impaciente. Nesse ponto, sou um pouco diferente da maioria dos flamenguistas, pelo menos dos que freqüentam os estádios, que não suportam um erro de passe e pegam facilmente no pé do jogador que na partida anterior garantiu a vitória. Acho que a torcida do Flamengo ficou "mal acostumada" com a era Zico, na qual boas partidas seguidas eram constantes, ou então, como costuma a comparecer em excelente número na maioria dos jogos, exige de forma inexorável atuações que condizam com a devoção de primeira que emana das arquibancadas. Compreendo em parte este comportamento, mas me considero um pouco pragmático. Costumo a reconhecer a limitação do time, o esforço de jogadores de nível duvidoso que, sinal dos tempos, são contratados para defender as cores rubro-negras. Considerando que nada há para se fazer a curto prazo do que incentivar os que estão em campo, já assisti resignado a peladas deprimentes. Para mim, a vaia só produz o efeito de tornar pior o que já é ruim.

Escrevo isso depois de um jogo péssimo contra o Paraná. Uma partida na qual o único sentimento provocado durante os 90 e tantos minutos foi a irritação. Definido o resultado, que credito à fragilidade do adversário, o sentimento se transformou em preocupação com um pouco de alívio. Não há razão para se estender na comemoração (alívio), devemos olhar pra frente um pouquinho (preocupação). Por isso, como um exercício de desabafo e preparação do espírito para o que está por vir, e não apenas para ser ranzinza, vamos às queixas.

Só há um adjetivo para definir Toró: inútil. Pensarmos em Leo Medeiros como opção para mudar o time ofensivamente é pesadelo. Ibson é um excelente volante, mas é VOLANTE! O deprimente processo de ir avançando um jogador talentoso ontem o levou ao ataque. Isso significa mais cabeçudos no meio-de-campo, onde deveria haver jogadores criativos. Chego à conclusão, depois de ter elogiado o desempenho como pivô do Souza em partidas anteriores, que o Júnior Baiano poderia fazer melhor. O cara é incapaz de meter um gol!!!

O fato é que o nível do campeonato está muito baixo e já poderíamos pensar em ter um pouco mais de ambição. Só escapar do rebaixamento é muito pouco. Ontem ganhamos, mas não será uma surpresa se, na gangorra que está o time do Flamengo no campeonato, não confirmemos o nosso favoritismo no Maracanã nos próximos jogos. A forma como a equipe vem conseguindo suas vitórias, na base de muita vontade e com pouco padrão de jogo, denuncia a falta de organização, preparação e planejamento. Por enquanto dá pra salvar do rebaixamento, mas devemos querer mais. Temos que olhar pra frente.

Paraná: Flávio; Léo Matos, Neguette, Nem (Daniel Marques) e Paulo Rodrigues; Goiano, Adriano, Batista e Everton (Giuliano); Josiel e Vinícius Pacheco (Lima). Técnico: Saulo de Freitas
Flamengo: Bruno; Léo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim (Thiago Sales) e Juan; Rômulo, Ibson (Luizinho), Cristian e Toró; Maxi (Léo Medeiros) e Souza. Técnico: Joel Santana
Local: Vila Capanema (PR)
Árbitro: Alicio Pena Júnior
Auxiliares: Carlos Berkenbrock e Nilson Carrijo
Cartões amarelos: Adriano, Ronaldo Angelim, Léo Medeiros, Fábio Luciano, Rômulo (F); Nem,Vinícius Pacheco, Paulo Rodrigues, Goiano (P)Cartão vermelho: Adriano (P)
Gol: Fábio Luciano (F), aos 17 minutos do segundo tempo

domingo, 7 de outubro de 2007

FLAMENGO 0 X 2 FLUMINENSE

Há dias em que nada dá certo. Depois de uma seqüencia de bons resultado e invencibilidade no Maracanã, chegou a hora de termos aquele jogo pra esquecer. Tomamos gols no início de cada tempo e fomos amplamente dominados. Ainda assim, os gols saíram em um chute errado e em outro desviado. Os jogadores que freqüentemente se destacam foram mal hoje: Fábio Luciano, os laterais (principalmente o Juan) e o Ibson. Para completar, houve porradaria generalizada nas arquibancadas amarelas.

Não devemos jogar o time fora por causa do resultado de hoje, mas algumas observações já podem ser feitas. Me preocupo com o poder de criação do meio-de-campo. Falta um camisa 10, um cara que pense. Sobra para o Ibson, que tem que fazer tudo no time (marcar, correr e criar) sem ter características para isso. Não há mais justificativas para a permanência do Jaílton no time, já que ele entrou quando estavam ausentes Roger, Renato Augusto e Ibson. Com a volta do Ibson... Quanto ao Toró, vou ser repetitivo: o cara já atuou de volante, meia e atacante. Em nenhuma posição se destacou. Quem observa bem o jogo percebe o quanto ele se esconde, perdido no meio dos marcadores.

Enfim, de novo recebemos um choque de realidade do time do Flamengo, depois de um breve momento de euforia. Porém, a torcida tem que permanecer fazendo a sua parte, não tenho dúvidas que só acertaremos de vez se a massa de rubro-negros continuar comparecendo e incentivando o time. Só não vale acreditar que os caras são craques.

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo (Colace), Jaílton (Léo Medeiros), Cristian e Ibson; Toró (Kaike) e Souza. Técnico: Joel Santana.

Fluminense: Fernando Henrique; Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto e Júnior César; Fabinho, Romeu, Arouca (Cícero) e Thiago Neves (Maurício); Alex Dias e Somália (Soares). Técnico: Renato Gaúcho.

Local: estádio do Maracanã/Rio de Janeiro
Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca
Auxiliares: Hilton Moutinho Rodrigues e Dilbert Pedrosa Moisés
Cartões amarelos: Romeu e Júnior César (Fluminense); Léo Medeiros (Flamengo).
Gols: Somália (Fluminense), aos 2 minutos do primeiro tempo; Thiago Neves (Fluminense), aos 3 minutos do segundo tempo.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

FLAMENGO 1 X 0 SÃO PAULO

O Flamengo é campeão moral do Brasileirão 2007. Campeão moral, porque bateu o bicho-papão do campeonato, feito que parecia impossível para todos os outro times da competição. Campeão moral, pois no confronto direto com o time que estava invicto há dezesseis rodadas, o Flamengo levou vantagem, empatou fora e venceu em casa. Campeão moral, porque mostrou como se faz para dar alegria a um campeonato sem graça, derrotando o eficiente porém burocrático esquema tricolor, que consiste em amarrar o jogo, dar toques para o lado esperando um erro e utilizar a medíocre tática do revezamento de faltas, contando com a cumplicidade de árbitros indulgentes. O canalhocrata de apito de ontem tratou de seguir o roteiro de ajuda aos bambis: inverteu faltas, aplicou cartões com critério duvidoso aos flamenguistas, poupando de punição a ciranda tricolor de carrinhos e faltas por trás para parar as jogadas. Campeão moral, enfim, porque só o Flamengo é capaz de arrastar multidões ao estádio, seja qual a for a posição do time na tabela! O Flamengo é a salvação do futebol brasileiro, é a garantia de que, independentemente do nível de interesse dos demais pelo campeonato, enquanto houver onze caras vestindo preto e vermelho no palco do Maracanã, haverá um espetáculo memorável protagonizado pela torcida impossível, espetáculo que sempre fará jus à tradição do futebol no Rio, no Brasil e no mundo da bola. Como aconteceu ontem, numa noite em que nós, torcedores, comemorando não um título ou um resultado especial, mas a festa da qual acabávamos de participar, saímos do estádio com orgulho do time que nos representava e, sobretudo, com orgulho de nós mesmos. Orgulho de ser rubro-negro!

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Jaílton, Cristian e Ibson (Léo Medeiros); Maxi (Roger) e Souza. Técnico: Joel Santana.
São Paulo: Rogério Ceni; Alex Silva, Breno, André Dias e Jadílson (Diego Tardelli); Zé Luis (Fernando), Richarlyson, Jorge Wagner e Leandro; Dagoberto (Aloísio) e Borges. Técnico: Muricy Ramalho.
Local: estádio do Maracanã/ Rio de Janeiro
Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho
Auxiliares: Milton dos Santos e Altemir Hausmann
Cartões amarelos: Leandro (SP), Jadílson (SP), Souza (F), Maxi (F)
Gol: Ibson (4 min 2º tempo)