domingo, 23 de setembro de 2007

JUVENTUDE 2 X 2 FLAMENGO

Se tenho que assistir a um jogo do Flamengo na televisão, prefiro fazê-lo sozinho. Na pior das hipóteses, com poucas pessoas. Bar, só se não tiver opção. Com muita gente, é difícil me concentrar, as conversas atrapalham. Principalmente porque eu falo muito. Não devo ser uma boa companhia para isso. Se o jogo está tenso, falo compulsivamente por nervosismo; se tudo está calmo, a tagarelice é provocada pelo relaxamento.
Por outro lado, a torcida solitária em frente a tevê é muito angustiante. Já fui algumas vezes sozinho ao Maracanã e é bem diferente. Lá, mesmo em jogos vazios, você faz parte de um organismo, conta com a adesão solidária de crianças que lhe dirigem um olhar cúmplice ou de torcedores veteranos que já passaram pela mesma situação de sair do trabalho e ir direto para o estádio fazer sua parte no apoio ao time do coração. No sofá da sala, você se sente enclausurado, sofrendo com a sensação de impotência que a distância da arquibancada confere. Se eu tivesse pay-per-view, engordaria muito. A cada chute perigoso, vou buscar alguma coisa pra comer, para aplacar a ansiedade. E se tem cerveja, vou conferir se não congelou.
O jogo de hoje não foi dos mais nervosos, mas nem por isso deixei de atacar o biscoito de chocolate na despensa. E se não falei o tempo todo, pois não tinha ninguém pra ouvir, troquei uns torpedos com o André para comentar o jogo. Não levo muita fé no time com esse meio-de-campo, mas me surpreendi com a disposição da equipe e com a mobilidade dos leves laterais naquele campo encharcado. O Mengão fez um gol pessimamente anulado e logo em seguida, num lance de bela troca de passes, Leo Moura tratou de garantir o que lhe havia sido injustamente negado minutos antes, seu nome brilhando em destaque no placar. Tudo parecia bem, mas em uma falha do Bruno, a cabeçada despretensiosa do uruguaio do Juventude acabou virando gol.
Pois é, mais uma vez tratamos de dar um gol de presente ao adversário. Um não, dois, pois o segundo nasceu de uma batida de cabeças entre o Fábio Luciano, em um momento de Irineu, e o Rômulo. Depois disso, perdemos muitos gols, o mais irritante numa jogada do mesmo Leonardo que havia colocado o time em vantagem após substituir o Maxi, que, ao meu ver, não deveria ter saído. Assim, na rodada em que a distância entre os freqüentadores da zona de rebaixamento e os times próximos a ela diminuiu, portanto aumentando o perigo, o Flamengo perdeu uma ótima oportunidade de afastar-se da ameaça de degola.
Sinceramente, não acredito no rebaixamento. Acho que o papel que outrora foi desempenhado por Grêmio, Palmeiras e Atlético Mineiro, e que vem ameaçando o Flamengo, o de time-grande-desestruturado-que-é-rebaixado, neste ano está destinado ao Corinthians. Já vinha dizendo isto antes de eles ingressarem na zona maldita, por conta dos escândalos do Dualib. O ruim é que, uma vez não tendo mais nada o que esperar do time pois não dá nem pra sonhar com uma vaguinha na Libertadores (concordo com a tese de um colega do trabalho que pensa que é melhor nem se classificar pra Sul-Americana), nós, torcedores, começamos já em setembro a nos ocupar com aquilo que a diretoria parece sempre negligenciar: o planejamento para o ano seguinte.
Em tempo: Toró não me convence!

Juventude: Michel Alves; Renan, Nunes, Danilo e Alex; Julio César, Vanzini (Marcelo Costa), William (Ivo) e Renato (Tiago); Tadeu e Bruno. Técnico: Beto Almeida
Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Jaílton, Cristian (Colace) e Toró (Léo Medeiros); Maxi (Leonardo) e Souza. Técnico: Joel Santana
Local: estádio Alfredo Jaconi/Caxias do Sul
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Auxiliares: Roberto Braatz e Rogério Carlos Rolim
Cartões amarelos: Jailton (F), Danilo (J), Fabio Luciano (F), Renan (J), Ivo (J) e Léo Medeiros (F)
Gols: Leonardo Moura, (21min 1º tempo) Vanzini (25min 1º ); Leonardo (6min 2º) Tiago (14 min 2º)

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