segunda-feira, 17 de setembro de 2007

FLAMENGO 1 X 1 VASCO

Relendo os textos anteriores e escrevendo este, percebo a reprodução de um comportamento muito comum entre os torcedores fanáticos que acompanham seus times: a tentativa desesperada de prever os acontecimentos dos jogos. É uma forma de amenizar o sofrimento da espera, de receber uma dose de confiança entorpecente ou de se esconder atrás de uma desconfiança protetora. Mecanismos psicológicos de defesa, enfim. Comigo começou há muito tempo. Lembro de um jogo, Guarani x Flamengo, acho que o ano era 1988. Era estréia do Telê. Perguntei à minha madrinha se o Flamengo ganharia, na busca de uma voz tranquilizadora que dissesse o que eu queria ouvir e que tivesse autoridade. Ela disse que sim e ainda informou o motivo: em estréia de técnico, o time não perde. O Neto fez 1 x 0 no primeiro tempo para o Guarani e, por um momento, cheguei a desacreditar a previsão. No entanto, comandado por Zico, o Mengão virou o jogo e fechou com uma goleada de 5 x 1, em pleno Brinco de Ouro! Sábia teoria, sábia teoria!
Recorremos a teorias otimistas, bons presságios, avisos sobrenaturais. Em outras ocasiões, vozes malditas parecem alertar para uma tragédia anunciada. Eu, como bom cético, descarto o místico, apesar de respeitá-lo; prefiro um racionalismo tão forçado, mas tão forçado, que pode ser tudo, menos racional.
Assisti ao jogo Flamengo x Vasco em busca de sinais que me permitissem prever os acontecimentos. As cores da torcida, a profusão de bandeiras, de papel picado e rolos de canhoto de Visanet (!!) davam a impressão de que teríamos uma noite especial. O jogo começou nervoso. O gol do Vasco, logo no ínício, imediatamente tornou claras as evidências da tragédia: quando falha logo no início, o Flamengo perde, quando é hora de emplacar, o time dá uma caída, o Vasco sempre ganha quando não vale nada, etc.
No entanto, ao ver o Paulo Sérgio ser retirado de campo, inflamado pelos gritos de indignação da torcida pela segunda baixa provocada pela violência bacalhau, percebi porque venceríamos o jogo: estávamos com um time esfacelado, com a torcida irada e que não mediria esforços para empurrar o time. Na base da vontade viraríamos o jogo e golearíamos, e a partida entraria para a história como a noite em que o Flamengo, com cinco cabeças-de-área, esculachou o Vasco! O roteiro perfeito estava desenhado, principalmente depois do gol de empate do Leo Moura!
Não aconteceu. O jogo foi chato no segundo tempo, sem chances reais de gol pro Flamengo. Até mesmo os ingredientes foram irreais: nem houve violência nas contusões. O time ficou me devendo a vitória prevista, mas contra este adversário, o Mengão tem crédito. Não há esculacho maior no futebol de hoje que a relação de freguesia que os bacalhaus estabeleceram conosco. Se fosse uma final, a história provavelmente seria como eu imaginei...

Flamengo: Bruno; Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Rômulo, Cristian, Jaílton e Toró; Renato Augusto (Paulo Sérgio, depois Léo Medeiros) e Obina. Técnico: Joel Santana
Vasco: Sílvio Luiz; Jorge Luiz, Júlio Santos e Dudar; Wagner Diniz, Roberto Lopes, Perdigão (Andrade), Marcelinho (Alan Kardec) e Rubens Júnior; Conca e Leandro Amaral. Técnico: Celso Roth
Local: estádio do Maracanã/Rio de Janeiro
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique
Auxiliares: Aristeu Tavares e Dibert Moisés
Cartões amarelos: Wagner Diniz (Vasco), Juan (Flamengo), Perdigão (Vasco), Dudar (Vasco), Roberto Lopes (Vasco), Toró (Flamengo) e Júlio Santos (Vasco)
Gols: Leandro Amaral, (10min 1º tempo) e Leonardo Moura(46min 1º tempo )

Um comentário:

Unknown disse...

Sem querer ser baba-ovo, mas senti orgulho em ler seu texto. Fiquei orgulhoso mesmo!!! Muito bacana!!! Show de bola!!! Agora posso contar pra todo mundo que tenho um amigo cronista. Forte abra�o!!!

PS: V� se n�o vai ficar mais marrento do que voc� j� �. hehehe